Guru do Desempenho
comunicação não-violenta

Comunicação não violenta: uma habilidade do líder do futuro

Pode parecer old fashion para algumas pessoas, mas, ainda hoje, muitos líderes tem um comportamento autoritário e uma comunicação repleta de agressividade. Existem muitas razões pra que isso ainda ocorra tanto por aí. Uma das mais fortes é a crença, que muitas pessoas ainda tem, de que precisam usar a força para exercer sua autoridade.

A CNV – Comunicação Não-Violenta, técnica e sistema de pensamento desenvolvido por Marshall Rosenberg, nos mostra porque esta estratégia, estruturada em ordens, julgamentos e agressividade, além de ultrapassada, é também contraproducente.

Líder Interessante X Líder Interessado: quem é você?

Durante muito tempo, a liderança nas empresas era ocupada, predominantemente, pela figura do Líder Interessante. O líder do tipo Interessante é aquela pessoa que é melhor que as demais, que tem mais poder que todo mundo e que o exerce de forma autoritária, em nome dos interesses do negócio e do lucro.

Nos dias de hoje, muitas empresas de ponta, grandes e pequenas, já têm culturas que reconhecem as pessoas e o ambiente como valores também importantes.

Nestas empresas, o líder é do tipo Interessado. Isso significa que, apesar de seu lugar na hierarquia da organização, ele não é melhor que os outros por isso. É alguém disposto a escutar, flexível, alguém que se preocupa em desenvolver não apenas os negócios, mas também as pessoas, e preza pela qualidade do ambiente e das relações.

Diversas pesquisas no mundo todo — como as desenvolvidas pelo psicólogo, matemático e teórico de finança comportamental, Daniel Kahneman — indicam que, para a maior parte das pessoas, o reconhecimento e a realização pessoal são mais importantes que o salário.

O Líder Interessado sabe que esse tríade — negócios, pessoas, ambiente — é o segredo para o sucesso de uma empresa, tanto do ponto de vista do faturamento e da lucratividade, quanto do bem estar das pessoas que compõe a corporação.

Para líderes que se identificam com ou gostariam de ser o tipo Interessado, a CNV é uma grande ferramenta.

Ela é especialmente valiosa em situações de conflito, em momentos em que um liderado ou uma equipe não correspondem às expectativas ou cometem algum erro. Em momentos como estes, muitos líderes tendem a agir de forma autoritária, movidos por emoções que trazem alta carga de agressividade para a comunicação.

O problema é que a comunicação violenta gera muita desmotivação, reduz o engajamento, o envolvimento e a entrega das pessoas ao trabalho.

Que preço você paga pelos julgamentos, críticas rudes e exigências?

A mente humana é especialista em nos proteger. Nosso cérebro reptiliano — herança de nossos ancestrais que viviam na natureza, expostos a riscos de vida reais — é treinado para nos alertar a qualquer sinal de perigo ou dor.

A mente tende a interpretar julgamentos, críticas e exigências como sinais de perigo. Nestas circunstâncias, a pessoa tende a se sentir inadequada.

Esta sensação de inadequação acende um alarme dentro dela, alertando que ela precisa se defender pois está correndo risco de ser rejeitada. A rejeição soa como um grande perigo pois a conecta imediatamente com o sentimento de solidão, que por sua vez, gera muita dor.

Assim, diante de críticas, julgamentos e exigências, a reação humana instintiva é resistir ou reagir para se proteger da dor. Não é da natureza humana simplesmente obedecer de bom grado diante de uma atitude agressiva.

Na melhor das hipóteses, a pessoa, ao invés de rebelar-se, pode submeter-se. Mas a submissão é igualmente prejudicial pois baixa muito o nível de satisfação do profissional em desempenhar seu trabalho, o que com o tempo arruinará a sua motivação.

E todo líder sabe a tragédia que é um trabalhador desmotivado.

Existem 4 componentes fundamentais que estruturam o processo da CNV:

  • Observação
  • Sentimento
  • Necessidades
  • Pedido

Estes componentes tem sentidos precisos e funcionam de forma encadeada.

Como aplicar a técnica da Comunicação Não-Violenta?

Agora, você vai visualizar o passo a passo para compreender cada um dos componentes fundamentais da comunicação não-violenta e aplicar a técnica de forma eficaz como líder. Vamos lá?

1. Observação

O primeiro passo a ser dado diante de uma situação é observar os fatos sem avaliar.

Se a observação for acompanhada de qualquer tipo de avaliação, ela se transformará em um julgamento. No início pode não ser fácil fazer esta distinção mas ela é fundamental.

Segundo Rosenberg, observar sem avaliar é a forma mais elevada de inteligência humana.

Após detectar qual é o fato isento de julgamentos, o próximo passo é compartilhá-lo com o interlocutor. Atenção! Se os fatos forem narrados com qualquer carga de avaliação ou julgamento, o interlocutor receberá a informação como uma crítica.

2. Sentimento

O segundo passo é reconhecer seus sentimentos. Voltar o olhar para si mesmo e perceber que sentimentos foram despertados.

É importante saber que ninguém pode causar nenhum sentimento em nós. As pessoas podem servir como gatilhos, mas o que sentimos existe dentro de nós e é de nossa inteira responsabilidade.

Nossos sentimentos resultam de como escolhemos reagir ao que os outros dizem e fazem, bem como de nossas necessidades e expectativas para tal momento.

Aceitamos a responsabilidade por nossos sentimentos quando reconhecemos nossas necessidades, desejos, expectativas, valores ou pensamentos.

Após reconhecer o sentimento despertado, é hora de expressá-lo para o interlocutor. Muita atenção para não jogar no outro a culpa por estar se sentindo daquela maneira. Seus sentimentos dizem respeito somente a você mesmo.

3. Necessidades

Novamente, por meio de uma autoanálise, você deve descobrir que necessidade sua não foi satisfeita naquela circunstância. A origem de todos os conflitos e sofrimentos são necessidades não satisfeitas.

Após descobrir sua necessidade, deixar que o outro saiba dela. Muito cuidado para não falar de sua necessidade em forma de cobrança. Você deve apenas compartilhar a questão. Uma forma interessante é expressar, além da necessidade, as consequências que podem vir do fato dela não ser satisfeita.

4. Pedido

Depois de três etapas em que você conversa com a outra pessoa falando sobre você, chegou a hora de se dirigir diretamente ao outro. É hora de fazer um pedido.

Use uma linguagem positiva, clara, sem abstrações, que apresente possibilidades de ações concretas. Você pode oferecer mais de uma alternativa, mas concentre o pedido no que você deseja.

Cuidado para não focar no que você não quer. E mais cautela ainda para não fazer uma exigência travestida de pedido.

Um bom termômetro para saber se você irá pedir ou exigir, é se perguntar o que te acontecerá se a pessoa disser não. Se o outro não tiver direito de responder com uma negativa, o que você está prestes a fazer é uma exigência e não um pedido.

Para além de saber como falar, você está interessado em aprender a ouvir?

Adotar a prática da Comunicação Não-Violenta é aprender a expressar-se honestamente usando os quatro componentes acima descritos, mas também é aprender a receber com empatia a expressão do outro. E, às vezes, em níveis mais avançados, é ajudar o outro a usar os componentes da CNV para se expressar clara e compassivamente.

O processo da CNV pode ser um tanto exigente e desafiador no começo. Talvez algumas conversas soem até um tanto artificiais nas primeiras experiências. Mas é só uma questão de treino.

O esforço e a persistência te transformarão em alguém de quem você poderá se orgulhar: um líder mais humano, interessado e eficiente no ambiente de trabalho. Mas também, alguém com maior profundidade no escutar, com mais respeito, mais empatia e mais entrega, não só com o outro, mas sobretudo, consigo mesmo.

Para os que acaso ainda sintam insegurança com relação a este processo e temem perder sua autoridade, é bom lembrar: um líder sempre será um agente de tensão.

O líder pode escolher provocar uma tensão negativa, opressora, o que, algumas vezes, até gera resultados quantitativos positivos no negócio.

Mas ele pode também escolher criar uma tensão positiva, ser alguém que com firmeza traz estímulo, clareza, motivação e valorização para suas equipes e desenvolve não apenas o negócio, mas também as pessoas envolvidas nele.

Aprender e se apropriar da ética, da técnica e da prática da Comunicação Não-Violenta é, indiscutivelmente, algo muito útil nos ambientes corporativos, mas é também uma atitude que provoca uma transformação definitiva na qualidade de todas as relações, em quaisquer áreas da vida.

Se você se interessa por transformar-se, transformar suas relações de trabalho e pessoais, a partir de processos de autoconhecimento e técnicas de desenvolvimento pessoal, inscreva-se no site da LEVE para receber nossos conteúdos exclusivos.

Michelle Gonçalves

Michelle Gonçalves

Trabalha com Desenvolvimento Pessoal – Coaching de Alta Performance, Carreira e Produtividade; Psicoterapia; Espiritualidade – e é Atriz. É sócia-fundadora da LEVE e do Isso Não É Um Grupo. Sua formação como Psicoterapeuta foi pela Escola Casuloterapia, de Helena Martins, e como Coach pela Abracoaching, com João Alexandre Borba e Bruno Juliani, além da experiência com a High Performance Academy de Brendon Burchard. É Mestra em Artes da Cena pela UNICAMP, licenciada pelo Curso Superiro de Artes Cênicas da UFMG e formada atriz pelo Fundação Clóvis Salgado – Palácio das Artes/BH.

Michelle Gonçalves

Michelle Gonçalves

Trabalha com Desenvolvimento Pessoal – Coaching de Alta Performance, Carreira e Produtividade; Psicoterapia; Espiritualidade – e é Atriz. É sócia-fundadora da LEVE e do Isso Não É Um Grupo. Sua formação como Psicoterapeuta foi pela Escola Casuloterapia, de Helena Martins, e como Coach pela Abracoaching, com João Alexandre Borba e Bruno Juliani, além da experiência com a High Performance Academy de Brendon Burchard. É Mestra em Artes da Cena pela UNICAMP, licenciada pelo Curso Superiro de Artes Cênicas da UFMG e formada atriz pelo Fundação Clóvis Salgado – Palácio das Artes/BH.

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